sábado, 27 de outubro de 2012

Do que a corrida me ensina - por Déborah Junqueira

Pessoal, eis aqui uma singela homenagem que minha aluna Deborah fez pra mim...já era minha aluna de natação na academia, se interessou por correr...e ta aí o resultado...três provinhas num ano, um festival de natação e amanhã uma provinha de mini-triatlo! Mto orgulho dela!


A turma da academia: Flávia, Nôra, Déborah, eu e Paulinha!!! Muita energia girls!!!

domingo, 7 de outubro de 2012

Do que a corrida me ensina

(Pra Maria Cláudia, minha chefa de rua, pista e piscina. Porque sem você esses quilômetros não teriam acontecido. Muito muito obrigada.)


Há cerca de onze meses decidi que ia começar a correr. Assim, do nada, como o Forrest Gump. "Vou correr". Eu já nadava e já tinha ouvido que "quem corre não nada, quem nada não corre" e resolvi arriscar assim mesmo.

Há uma semana, 30 de setembro, completei a prova que era a meta posta quando comecei. Na verdade já havia conseguido correr a mesma distância em duas outras provas de rua há alguns meses, mas essa de ontem era emblemática pelo que significava (a dor nas pernas está proporcional ao significado da efeméride, mas deixa pra lá).

Dez meses de altos e baixos, só os primeiros dez meses e me serviram pra me fazer pensar em tanta coisa - porque correr me deixa com a cabeça livre para ir onde quiser e ao mesmo tempo me exige uma concentração que só me era requisitada dentro d'água, contando os metros vencidos com braçadas.

* Ter paciência - Na piscina e na pista, na rua ou na esteira, não adianta afobação. Não adianta pensar em quantos quilômetros faltam, quantas batidas na borda ainda vão ser feitas. A afobação tira o ritmo das pernadas e das braçadas, não deixa respirar direito e engolir água ou ar pode me fazer parar. Paciência. Depois do primeiro quilômetro a respiração se estabiliza, fica quase automática, não preciso pensar nela e posso me concentrar no tamanho das passadas, na força das pernas, na posição dos braços varando a água.

* Estabelecer metas - Gosto de ter o que esperar, ter algum projeto pra ir atrás e sou o tipo da pessoa indisciplinada que precisa de um teor de "obrigação" pra fazer as coisas. Preciso do compromisso estabelecido. Só que a grande questão é diferenciar a meta realista da meta absurda. Resolver, um ano atrás, que correria o trajeto de 10km da prova da semana passada seria irreal e estúpido, porque eu ainda não teria preparo pra isso e ia me frustrar e desanimar - não porque ui, não sei lidar com a frustração e preciso ser recompensada blá blá, mas porque seria algo fora das minhas possibilidades. Outra coisa, completamente diferente, é estabelecer que ano que vem corro os 10, e foi o que fiz.

* Reconhecer vitórias - A gente aprende a se autodepreciar, a não aceitar elogios: a clássica atitude de alguém elogiar a roupa e a gente dizer que ai, é velhinha, foi baratinha, é coisinha simples. Ora, "obrigada, que bom que gostou" e pronto, que bobeira essa modéstia. Então parabéns pra mim porque me esforcei, treinei, literalmente suei paca esse ano pra completar as provas todas e fim de papo.

* Humildade - Parabéns pra mim, mas a verdade é que lá no meio do mundaréu de gente que largou junto comigo em todas as corridas eu era mais uma. E muita gente chegou na frente, muita gente vai continuar chegando. E nem por isso vou sentar na sarjeta e fazer mimimimimi, ai como corro devagar e que porcaria de vida, vou lá pra casa chorar as pitangas sentada no sofá. Continuo arrumando a mochila com a roupa do treino e saindo pra treinar, porque antes de tudo eu estou lá pra superar as minhas metas. Se isso for fazer com que meus tempos melhorem, ótimo. Se não, paciência, desde que eu cumpra o que estabeleci.

* Resiliência, insistência - O pé doeu e o treino foi uma porcaria. Não dei conta de correr com o tempo seco porque cada respiração fazia tudo arder e doer dentro da cabeça . A cólica tava de amargar, a enxaqueca pegou pesado, deu náusea. Me desconcentrei porque a cabeça estava cheia de caraminholas. Paciência, no treino seguinte faço o programa de novo ou pulo pro próximo.

* O raio da corrida é duro de começar mas faz diferença - Natação, musculação, nada do que eu já peguei pra fazer pós-30 anos de idade deu mais resultado em termos físicos do que correr. Nada me afinou e tonificou o corpo melhor que a corrida e pouca coisa é mais simples do que trocar roupa, calçar meia, tênis, zerar o cronômetro, ligar os fones de ouvido e sair correndo. Ajuda inclusive a colocar ideias no lugar, então o benefício não é só físico.

Soou autoajudístico? Às vezes a gente precisa mesmo pensar nesses termos pra sintetizar o bem que alguma coisa nos faz. É o que tem pra hoje.

Quem quiser conhecer mais textos da Déh, segue o blog dela: http://telaeteclado.blogspot.com.br/2012/10/do-que-corrida-me-ensina.html